terça-feira, 1 de maio de 2012
Ayrton Senna, inesquecível
segunda-feira, 30 de abril de 2012
Crônicas coletivas - Carta nova
Mas o tempo urgia e lá fui eu me amassando até a roleta, onde, forçando um sorriso, arrisquei comentar: “Atrasadão, né?...”.
Mais sonolenta do que ranzinza, a cobradora miudinha resolveu contemporizar. Gritou virando lá pra frente, com certeza de que o motorista iria ouvir: “Manelão, tamo no horário?”.
Eu nem esperei a resposta e me mandei lá pro fundão, porquê as vezes essas reclamações viram emendas piores do que sonetos. O ´Manelão´ nem aí. Mulato forte e alto, cara redonda e sorriso distante no olhar, tocava o busão lotado e nem se incomodava com o enorme volante roçando sua barriga pra lá e pra cá, e muito menos com os passageiros, que não paravam de reclamar.
O Manelão ia muito tranqüilo, andando mais devagar do que o normal. ´O motorista não anda` repica ali, ´Assim vou me atrasar` pipoca acolá, e de repente chiadeira geral, o Manelão conseguira confundir o itinerário e foi uma balbúrdia até retornar. Quarteirão errado, curva mais fechada, marcha-a-ré, e a turba começando a enfezar.
O Manelão nem aí, retomou o caminho certo e continuou andando devagar. Enquanto alguns passageiros iam descendo reclamando, outros continuavam viagem comentando. O Manelão ia MUITO devagar. Tão devagar que chegou até o extremo de dar preferência num cruzamento para um automóvel pequeno, que não conseguia atravessar.
Como eu desço perto do ponto final, quando chegamos lá o ônibus já estava quase vazio. Depois de uma eternidade, dei sinal de parada, me coloquei a postos na escada e me preparei para saltar rapidamente.
Como uma criança contente, o Manelão parou bem encostado à calçada, olhou pelo retrovisor interno, me cumprimentou simpático, e ficou olhando até eu descer. Como o trânsito estava parado, caminhei alguns metros ao lado do ônibus e pude ouvir a cobradora agora simpática colocar metade da cabeça pra fora e justificar: “Começou hoje... ainda não decorou o caminho... amanhã ele vai melhorar...”
domingo, 29 de abril de 2012
O bafo do Jalapão
Bafeja lá no Jalapão. Olhar noturno. Meia lua mingua, mas ilumina o sertão. Pássaro pia, vento farfalha, Arfa o éter quente, arfa meu coração.
De jipe no Jalapão. Horizontes sem fim. Areias de todas as cores, matizes de todos os tons. Nos longes infindáveis, na duna vermelha Lá a pé sim, mas 4x4 não.
No chuá do rio que corre manso, No meio do seco Jalapão Escorrega meu corpo suado, surto. Me energizo gelado e pergunto: Há maior emoção?
Mutucas ecologicamente corretas, Zunem e aporrentam no Jalapão. Mergulho, sorrio, abro espaço. Escapo. Num abraço ao contrário, extravaso.
Tusso, expectoro e cuspo. Catarro urbano. Viva a natureza. Reviva. Viva o interior do Brasil. Bom esse tal Jalapão
A volta distraída
sábado, 28 de abril de 2012
Pelos Bares da Vida
Afinal, falar sobre bares é falar sobre a própria vida.
E, sobre a vida não se fala, ou se escreve.
Simplesmente se vive, ou se bebe.
Há de tudo para ser dito sobre esses lugares..
Fotografias, poemas, todas as formas são formas,
para se dizer do que acontece nos bares.
E em se tratando de bares, há de tudo um pouco.
Há bares diários, diurnos.
Há bares esporádicos, noturnos.
Bares que te deixam sóbrio, ou meio louco.
Há bares que vivem lotados.
Outros quase sem gente.
Alguns são perigosos, outros ousados.
Tem bares que a gente nem percebe.
Em alguns somos rápidos. Em outros, lentos.
Uns são tristes, outros alegres.
Sempre, Porém, a eles dedicamos bons momentos.
O bar a padaria, que doces lembranças.
Olhar sonolento, rosto matutino, o que você quer?
Pão doce e chocolate quente! viramos crianças.
Um bar sempre disposto àquilo que você se dispuser.
No bar da esquina, o jogo do bicho, o bilhar.
Dominó na mesa, mãos enrugadas e chapéu de feltro.
Nas brigas sempre é bom se manter neutro.
Às vezes, nesse bar, que sorte, se ganha a milhar...
Quem não se lembra de, pelo menos uma vez,
ter entrado num bar?
Fossas, alegrias, emoções sem par.
Porres, o namoro novo, o amor que se desfez.
Um barzinho do interior, da montanha, da praia.
Entra-se para beber água, tomar um cafezinho,
caipirinha ou simplesmente não beber nada.
Em alguns se pode pedir cigarros,
Em outros não ficaria bgem.
Nuns se chega de carro,
em outros, só de trem.
Hà bares ricos, há bares pobres, há bares-tudo.
Em alguns se chega para falar muito,
Em outros para ficar mudo.
Alguns tem piso de mármore,
outros de terra.
Balcão quase sempre tem,
de madeira ou pedra.
Tem bares que aceitam cachorros,
outros, só gente.
Uns em serviço de mesa,
outros são totalmente ineficientes.
Mas bares são bares.
Para gente sozinha, em grupo ou em pares.
Com música ou sem.
Pinga tem, entre um gole e outro, o último feito.
Há bar que tem tudo:
comida, chapéu de palha, sabão e pano-veludo.
Fumo de rolo, coca-cola quente
e, com sorte, um sanfoneiro triste. Ou contente.
Tem bares gozados, bons pra brincadeiras.
Outros, são mais propícios às intrigas.
No meio da Transamazônica, em mei às bananeiras.
Tem bares bagunçados, onde só acontecem brigas.
Alguns são abandonados,
Viram casas, ou estábulos.
Outros são cheios de gente, superlotados.
Bar de estação rodoviária,
Gente suada, gente sofrica.
Bar dos doutores aeroportos,
gente bonita, gente corrida.
Bares, bares e mais bares.
Vida, vida e mais vida.
Há bares-vida de todo jeito.
Umas vezes sujos, outras vezes limpos.
Uns feios, outros lindos.
Há bares, até, só pra namorar.
Outros, aindal, planejados especialmente
para o que você desejar.
Para beber, beber, beber...
Até para negociar.
Há barzinhos. Há barzões.
Há bares que viraram notícia,
boas ou ruins.
Bares que viraram tragédia.
Ou, suaves, parecem ter vida sem fim.
Há bares recentes, há bares velhos.
Há bares serenos, há bares austeros.
Há bares, na vida, fugazes.
E há bares... eternos.
Pelos bares da vida,
Pelos bares dá vida.
Pelos bares, dívidas.
Pelos bares, dúvidas.
Pelos bares há vida,
Pelos bares, a vida.