terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Você sabe o que é aceleração?




O entusiasta em automóveis Juvenal Jorge postou no blog www.autoentusiastas.blogspot.com o texto abaixo definindo, em linguagem coloquial, o que significa mesmo a palavra aceleração. Segundo Juvenal, um Dragster Top Fuel com motor Hemi de 500 polegadas cúbicas tem mais potência do que os carros das quatro primeiras filas dos stock-cars da NASCAR na Daytona500. Um Dragster Top Fuel, categoria máxima dos dragsters da NHRA (National Hot Rod Association) leva apenas 15 centésimos de segundo para os mais de 6000 HP de potência chegarem às rodas traseiras.

Sob aceleração plena, esse motor consome 1,5 galão (5,7 litros) de nitrometano por segundo. Um Boeing 747 carregado consome a mesma quantidade de combustivel mas produz 25% menos energia. Para se ter uma idéia dessa descomunal potência, um motor Dodge Hemi V8 de rua não tem força suficiente para girar nem o compressor de um motor aplicado no dragster Top Fuel. Com 3000CFM (pés cúbicos por minuto) de ar sendo pressurizados girando em última marcha, a mistura de combustível é comprimida quase a estado sólido antes da ignição. Os cilindros trabalham na proximidade do calço hidráulico sob plena aceleração. Na proporção estequiométrica de 1,7:1, a chama da mistura atinge 7050 F (3900°C). O nitrometano queima na cor amarela. A lingua de fogo branca vista na saída dos escapamentos dos Top Fuel, facilmente visíveis quando não há sol, é hidrogênio queimado, dissociado do vapor de água da atmosfera.

Magnetos duplos suprem cada vela de ignição com 44 Ampéres. Essa corrente é a de um arco voltaico de solda. Os eletrodos das velas são totalmente consumidos em uma arrancada apenas. Na metade do caminho, o motor está queimando a mistura por compressão, como um diesel, além do calor das válvulas de exaustão a 1400F (760°C), pois os eletrodos já se acabaram. O motor só pode ser desligado cortando-se o fluxo decombustível. Se a centelha falha momentaneamente no início da aceleração, o nitrometano não queimado se acumula no cilindro afetado, e então explode com uma força capaz de arrancar o cabeçote, ou até dividir o bloco pela metade.

Para conseguir atingir 300 mph (cerca de 483 km/h) em 4,5 segundos, os dragsters aceleram a cerca de 4 G's. Para atingir as 200 mph (320km/h) antes da metade dos 402 metros de pista cronometrada, a aceleração inicial é de 8 G's. Os dragsters chegam a 300 mph antes de você terminar de ler essa sentença. Os motores dos Top Fuel giram aproximadamente 540 vezes, da luz verde ao final do quarto de milha! Incluindo a patinagem da arrancada, o motor dura apenas 900 rotações sob plena carga. A faixa vermelha é bem alta, a 9500 rpm. Se nada explodir, cada arrancada custa US$ 1000,00 por segundo. O atual recorde de tempo é de 4,428 segundos para os 402 metros (12 de novembro de 2006, Tony Schumacher, em Pomona, Califórnia). O recorde de velocidade numa pista de dragster é 336,15 mph (540,98 km/h), medida nos últimos 66 pés (20 metros) da passagem (25 de maio de 2005, Tony Schumacher, em Hebron, Ohio).

Sob outro ponto de vista:

Você está dirigindo um Corvette Z06, modificado pela Lingenfelter, duplo-turbo, de US$ 140.000,00. Uma milha a frente, um dragster TopFuel está pronto para partir, quando você passar. Você tem a vantagem da largada lançada. Você trabalha nas marchas e cruza a linha de largada a honestas 200mph (320 km/h). A luz fica verde para ambos nesse momento. O dragster arranca e vem atrás de você. Seu pé fica colado no fundo, mas você escuta um som brutal aumentando e se aproximando, e dentro de 3 segundos, ele o alcança e ultrapassa. O dragster cruza a linha de chegada na sua frente, apenas 402 metros depois que você o passou. Pense nisso: largando parado, o dragster tirou as 200 mph que você tinha de vantagem, e não apenas o alcançou, mas quase o jogou para fora da pista no momento da ultrapassagem.

Um comentário:

Unknown disse...

Só faltou o entusiasta em automóveis Juvenal Jorge mencionar que seu post no blog é a tradução parcial do artigo "Unimaginable Acceleration", de autoria de David E. Davis, Jr., publicada na coluna American Driver da revista Automobile Magazine em 25 de Fevereiro de 2004...